Você começou na rua, com o estêncil e o graffiti, muito antes de o mercado olhar pra isso como arte. O quanto essa atitude “faça você mesmo”, que também é a base do punk e do hardcore, ainda move o seu trabalho hoje?
Essa atitude é a base de tudo. Foi o que me formou como artista e como pessoa. A rua me ensinou a resolver as coisas com o que eu tinha, a criar sem esperar permissão. O “faça você mesmo” vem dessa urgência — de não depender de um sistema pra existir. E isso segue até hoje. Mesmo com exposições em instituições e projetos maiores, continuo com a mesma cabeça: se algo não existe, eu invento. Se não tem estrutura, eu construo. Esse espírito do punk, do improviso e da coletividade ainda guia tudo que eu faço.
A Noise Propaganda parte da ideia de que a arte nasce do caos urbano — do atrito, do ruído. No seu processo, o que existe de ruído? O que te interessa nesse erro, nesse desgaste da cidade que você leva pra tela?
Pra mim, o ruído é o que dá verdade. É o que escapa do controle. Quando pinto, tento manter esse elemento vivo — o erro, o acúmulo, o desgaste, o improviso. A cidade é cheia disso: camadas que se sobrepõem, cartazes rasgados, tinta descascando, mensagens se cruzando. Eu tento traduzir esse caos visual e humano. O ruído é onde a vida acontece. É o que faz a imagem respirar, sair da zona limpa e previsível. A arte precisa desse atrito.
Suas obras misturam camadas, texturas, fragmentos de textos — quase como uma colagem sonora. Se sua pintura fosse uma banda ou um som, qual seria? O que toca enquanto você pinta?
Boa pergunta. Acho que seria algo entre o punk e o soul. Tipo The Clash encontrando Curtis Mayfield. Tem energia, tem rua, mas também tem melodia, tem afeto. No ateliê, eu escuto muita coisa — punk, hip hop, reggae, música brasileira. Às vezes o som dita o ritmo da pintura, outras vezes é o silêncio que fala mais. Mas sempre tem essa pulsação urbana, meio suja, meio humana.
Você veio de uma geração que abriu caminho pra arte urbana ocupar museus e galerias. Olhando pra trás, o que ainda é “resistência” pra você dentro desse sistema?
Resistir, hoje, é continuar sendo verdadeiro. É não deixar que o sistema engula o que te moveu lá no começo. Quando a arte de rua entrou no circuito institucional, muita coisa mudou — pra melhor e pra pior. Mas o desafio continua sendo manter o propósito, o vínculo com as pessoas e com o território. Resistência é não se acomodar. É seguir com pensamento crítico, com autonomia, mesmo dentro das estruturas. É lembrar que a arte vem da rua, e a rua continua sendo o lugar onde tudo começa.

Foto: Daniel Melim
A rua, o stencil, o punk e a arte têm em comum essa ideia de ocupar espaços com identidade. O que significa, pra você, deixar uma marca — um vestígio — no meio da cidade hoje?
Deixar uma marca é conversar com o tempo. É deixar uma memória, mesmo que ela desapareça depois. A cidade muda, se apaga, se reconstrói — e isso é o mais legal na minha opnião. O vestígio é o que fica entre o visível e o esquecido. Quando faço um mural ou um stencil, penso nisso: que aquilo vai dialogar com o cotidiano das pessoas, vai interferir na paisagem, talvez inspire alguém sem que eu saiba. Esse rastro é o que me interessa. Não é sobre eternizar, é sobre participar.
@melim_abc
Adesivos @lumiprint
1. VISTA O RUÍDO
Explore o Acervo Vestível: Confira as peças da Manifestação atual — a edição limitada da arte de Danilo Cunha em Algodão Sustentável. ➡️ COMPRE AGORA: Explore as Manifestações do Acervo Vestível
2. GARANTA O ACESSO
Não Perca o Próximo Gesto: Nossos drops esgotam em horas. Entre para o Grupo VIP e garanta acesso prioritário, além de concorrer a Obras Únicas de Acervo (Shapes, Latas Customizadas). ➡️ ACESSO VIP: Entre para o Grupo VIP e Garanta Seu Gesto
3. CONHEÇA O CRIADOR
Por Trás do Manifesto: Entenda a profundidade da poética que usa o stencil, a colagem e o glitch. Conheça a trajetória de Danilo Cunha em galerias, exposições internacionais e seu controle total do processo criativo. ➡️ O ARTISTA: Conheça a Página de Danilo Cunha
